Sinopse

Abrindo este livro somos surpreendidas já no Sumário pelo espelho da sua organização. Estamos diante da estrutura de uma ópera. A musicista trouxe para dentro do seu texto o enquadramento de uma peça musical clássica, consagrada por compositores como Mozart, Bizet, Wagner, Strauss e outros notáveis. O arranjo elaborado funciona de início como uma composição criativa que controla os movimentos da trama textual e equilibra a atenção a ser dada a cada poeta, o protagonismo de cada um nos atos, o encontro dos dois no intermezzo, quando se intensifi ca o diálogo entre poesia e música, entre Mário e Bandeira. Mas funciona também como uma forma pensada, sobretudo uma imagem da associação entre o erudito e o popular que representou o Modernismo brasileiro na poesia desses dois poetas. Além disso, a escolha da ópera como forma atende também a um outro motivo, que é de a ópera estar diretamente implicada na voz nas suas partes de canto: ária, recitativo e coro. Uma das mais preciosas contribuições de Luana é justamente mostrar que o diálogo com a música em um poema, como aqui abordado, especialmente na poesia de Mário e Bandeira, proporciona a ele, poema, um impulso de vocalidade favorável à sua performance oral. E é isso que a autora irá demonstrar ao longo do trabalho apresentado. A ópera do encontro desses dois poetas, assim como o próprio Modernismo, não obedece ao padrão clássico-erudito. Pelo contrário, moderna, traz em seu libreto as dissonâncias da música do século XX, as ruptu

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