O fim de tarde de uma alma com fome, o poema dramático de Sérgio Medeiros, tem ares pessoanos na ambientação indefinida e nebulosa, entre a noite e o dia, a vida e a morte, em que dois personagens, um soldado e uma velha, se conhecem e dialogam. Masenquanto os poemas dramáticos de Pessoa procuram induzir o leitor a uma espécie de claustrofobia onírica, os três atos de O fim de tarde de uma alma com fome são voltados para fora, numa poética radical de intertextualidade.Já nas instruções de leitura, aprendemos que cada ato é uma versão (da mesma história?), e que os atos podem ser lidos em ordens distintas. E não é só isso: o leitor pode optar por substituir uma ou duas das versões por outros textos, entre os quais o Popul Vuh maia-quiché e o volume de clássicos amazonenses Makunaíma e Jurupari.O poema, então, compõe-se e recompõe-se nesse diálogo com obras distintas, onde o motivo comum é a cultura ameríndia na sua relação com as línguas e as culturas americanas. Dos vários textos que fazem parte desse diálogo intertextual, o mais importante é a narrativa pemon “Como os venenos azá e ineg, para matar peixes, vieram ao mundo”, de Makunaíma e Jurupari.É desse mito que vem o casal que dialoga no poema: a anta, isto é, a velha, ou alma canibal, e o humano – neste caso um soldado que se separou do seu pelotão. Como no conto pemon, o diálogo entre esses seres de espécies distintas é marcado por diferenças perspectivistas: o que para ela é uma cobra, para ele é um fogão; o que para e
Peso: | 0.05 kg |
Número de páginas: | 64 |
Ano de edição: | 2021 |
ISBN 10: | 8573214619 |
ISBN 13: | 9788573214611 |
Altura: | 21 |
Largura: | 12 |
Comprimento: | 4 |
Edição: | 1 |
Idioma : | Português |
Tipo de produto : | Livro |
Assuntos : | Poesia e Poemas |
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