Sinopse

“Catar feijão se limita com escrever: / joga-se os grãos na água do alguidar/ e as palavras na folha de papel”, diz-nos João Cabral de Melo Neto em seu famoso poema, presente com frequência em livros didáticos, especialmente do Ensino Médio. Do mesmo modo que os grãos mergulham na água do alguidar, os versos, implicitamente, convidam o leitor a mergulhar em todo e qualquer texto que lhe seja apresentado. Certo é que, a depender da complexidade da malha textual exposta, tal mergulho exigirá um olhar mais, ou menos, aguçado para a produção de sentido. Dentro ainda da metáfora do mergulho, convém destacar que, no espaço literário, toda obra possibilita a existência de diversos níveis de leitura, que serão, ou não, atingidos dependendo da maturidade leitora daquele que interage com o texto; portanto, quanto mais profundo for o mergulho, sentidos mais complexos vão se produzindo, se levados em conta tanto o trabalho de linguagem quanto o diálogo verbo-visual que se faça presente. Literatura é, portanto, literatura; dispensa adjuntos que busquem adequar seu produto a uma determinada faixa etária de leitor. O envolvimento deste com o texto literário decorre, essencialmente, da capacidade estabelecer um olhar adequado para estabelecer um porquê para a escolha e a disposição das palavras, para o traçado e as cores das ilustrações, para o equilíbrio ou a aparente desorganização de outros recursos empregados. Leitura e Literatura infantil/ juvenil: veredas e encontros, organizado por Re

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